Aspas dos Gestores – Abril de 2024

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O Research de fundos da Órama reuniu no Aspas dos Gestores de fevereiro o comentário de 93 gestores de fundos de investimentos sobre os desafios dos fundos no mês de março e as perspectivas para o mês de abril.

O documento está ordenado por gestores, em ordem alfabética, e adaptado para navegar até comentário desejado através de um clique no nome da gestora.

Panorama Geral

O mês de março foi marcado por alguns eventos relevantes para o mercado. Em relação ao cenário doméstico, investidores aguardavam com atenção a divulgação do PIB do 4° trimestre de 2023, último indicador de relevância referente ao ano passado, que mostrou um crescimento de 2,9%, um pouco abaixo dos 3,0% projetados por economistas. Por outro lado, os fortes resultados tanto da Pesquisa Mensal do Comércio quanto da Pesquisa Mensal de Serviços de janeiro surpreenderam positivamente. O primeiro subiu 2,5%, ante uma expectativa de 0,1%, e o segundo avançou 0,7%, frente a um recuo de 0,1% esperado por analistas. Com isso, economistas revisaram suas projeções para o PIB de 2024 para cima ao longo do mês, saindo de 1,75% no final de fevereiro para 1,85% no último Focus.

No que diz respeito ao panorama fiscal, o foco se voltou para a divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP), documento-chave para expectativas em torno da entrega, ou não, do resultado primário dentro da meta prevista pelo Arcabouço Fiscal. Nesse sentido, não houve necessidade de contingenciamento, dada a arrecadação recorde dos dois primeiros meses de 2024. Além disso, a revisão das projeções fiscais trazendo números mais realistas também foi interpretada como positiva. A Secretaria de Orçamento Federal reduziu a projeção para o resultado, de um superávit de R$9 bilhões para um déficit aproximadamente do mesmo tamanho, permanecendo assim dentro do limite da banda inferior. A discussão sobre uma eventual mudança na meta do Arcabouço foi postergada para o segundo RARDP, a ser divulgado em maio.

Sobre a política monetária, o Banco Central, no dia 20, cortou a taxa Selic em 0,5p.p., conforme sinalizado na reunião do Copom anterior. Tanto no comunicado quanto na ata, o tom foi lido como duro, reforçando o compromisso do BC em trazer a inflação para a meta em um momento em que as conjunturas doméstica e internacional estão mais incertas. O Copom optou por mudar o forward guidance para ter mais flexibilidade, indicando corte de mesma magnitude (50 bps) apenas para a próxima reunião. Ao se colocar mais dependente dos dados, o colegiado apontou que houve discussão acerca da necessidade de um ritmo mais lento de distensão monetária, caso a incerteza prospectiva permaneça elevada no futuro, Essa potencial redução na velocidade de queda da Selic levou a revisões para cima de casas que estavam apostando em uma taxa terminal muito baixa. Como o nosso cenário na Órama já contemplava os pontos salientados pelo BC, não tivemos nenhuma atualização nas projeções dos indicadores macroeconômicos, antevendo a Selic em 9,5% ao fim deste ano.

No front político, o andamento das pautas estruturais, como a regulamentação da reforma tributária, ainda está nos bastidores com estados e municípios. Com uma agenda econômica sem avanços significativos, a decisão do governo de não distribuir os dividendos extraordinários da Petrobras tomou conta das manchetes e elevou a percepção do risco de interferência política nas estatais. A repercussão muito negativa dessa decisão nos preços das ações da petroleira levou a uma uma queda expressiva ao redor dos 10% no mês. 

Com a Petrobras caindo na contramão do preço do barril de petróleo, que voltou a patamares de US$ 80,  e com Vale também em queda expressiva dado o minério despencando, o Ibovespa caminha para fechar o mês negativo em 1% No mercado de juros, os vértices intermediários e longos abriram com a discussão fiscal no radar e o câmbio ficou de lado subindo 0,12% No segmento de commodities, o ouro valoriza mais de 7%, enquanto o petróleo WTI tem alta de 5%. No que diz respeito às criptomoedas, o bitcoin registra ganhos de 11%.

No exterior, a temática das eleições nos Estados Unidos concentraram as atenções na “Super-Terça” (05), o dia das primárias presidenciais em que mais estados votaram. O resultado foi uma consolidação das candidaturas de Joe Biden pelos Democratas e Donald Trump pelos Republicanos. Com os ambos empatados tecnicamente e com rejeições também elevadas, a votação no dia 05 de novembro ainda não apresenta um claro favorito.

Ao mesmo tempo, investidores observaram as decisões de política monetária nos Estados Unidos, China, Japão, União Europeia, e outros bancos centrais. Nos EUA, a taxa foi mantida, com indicações do comitê de que haverá três cortes de 25 bps até o fim do ano, segundo o documento de projeções atualizadas. O saldo da reunião foi controverso, marcada por um comunicado endurecido, mas uma coletiva de imprensa interpretada como dovish pela maior parte do mercado. Nesse contexto, os Treasuries, que permaneceram voláteis, mas as apostas majoritárias para o início do ciclo de corte de juros pelo Fed se concentram no mês de junho.  No Japão, o banco central anunciou o aumento das taxas de juros, que ficaram positivas pela primeira vez em 17 anos. A decisão foi vista como uma resposta às recentes revisões positivas para o PIB japonês e pela perspectiva de uma resiliência inflacionária derivada da demanda interna. Enquanto isso, na China, o Banco do Povo da China (PBoC) decidiu pela manutenção das taxas, em linha com o esperado por analistas, porém sem apresentar ainda a postura necessária para impulsionar o aquecimento da economia como vem sendo previsto pelo mercado. 

Para abril, esperamos que o governo brasileiro dê continuidade às articulações políticas, visando a expansão da base arrecadatória, mas com chances elevadas de impasse para a Fazenda, principalmente no que diz respeito às medidas relacionadas ao Perse, e à distribuição de dividendos extraordinários da Petrobras. De todo modo, com os ajustes do RARDP, o governo ganha tempo até maio para definir se haverá ou não alguma mudança da meta. Além disso, enxergamos abril como um mês importante para o avanço da regulamentação da reforma tributária, quando os grupos de trabalho devem encaminhar os projetos de lei para votação no Congresso. 

No campo internacional, com o Fed ajustando os rumos da política monetária com base nos dados, o acompanhamento da divulgação dos indicadores econômicos se torna essencial para a precificação do início dos cortes. No Oriente Médio, com a aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU de uma resolução exigindo um cessar-fogo na guerra Israel-Hamas, devemos aguardar pelos próximos passos para ver se haverá um distensionamento na região.

Confira a lista completa de fundos de investimento disponíveis da Órama.


As informações aqui contidas são de caráter informativo, bem como não se trata de qualquer tipo de análise ou aconselhamento para a realização de investimento, não devendo ser utilizadas com esses propósitos, nem entendidas como tais. A Órama não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações aqui divulgadas. Os investimentos em fundos estão sujeitos a riscos específicos de mercado. FUNDOS DE INVESTIMENTO NÃO CONTAM COM GARANTIA DO ADMINISTRADOR, DO GESTOR, DE QUALQUER MECANISMO DE SEGURO OU DO FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITOS – FGC. Leia o regulamento, o formulário de informações complementares e a lâmina de informações essenciais dos fundos antes de investir, disponíveis no site www.orama.com.br.

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