Estratégia Moderada – Outubro 2023

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Estratégia Moderada – Outubro 2023

Setembro foi um mês atribulado, afetado principalmente pela deterioração do cenário externo com a sinalização mais dura do presidente do Fed, Jerome Powell, na coletiva de imprensa após a reunião do Fomc do dia 20 e do relatório de projeções apresentado pelo Comitê. Apesar da manutenção da taxa, Powell fez questão de reforçar a condução de uma política contracionista “higher for longer”, além do relatório indicar mais uma alta de juros ainda esse ano, levando o mercado a intensificar a revisão de suas expectativas em relação às taxas futuras. 

Ademais, investidores seguem atentos à discussão em torno do risco de shutdown do governo americano, uma vez que se aproxima o prazo limite para aprovação da resolução orçamentária (01/10) e parlamentares indicaram que a negociação está longe do fim. A agência de risco Moody’s, a única que ainda mantém o selo de “bom pagador” para a economia americana, emitiu um alerta sobre o tema, indicando que eventual paralisação a depender da duração seria um evento negativo para o rating soberano dos EUA.

Do outro lado do mundo, a China segue com dificuldades de engatar seu crescimento, tendo seu cenário para frente muito dependente da disposição e magnitude de estímulos estatais. Apesar das medidas de incentivo terem sido vistas com otimismo pelo mercado, os investidores ainda seguem com a confiança baixa de que o atual patamar de estímulos será suficiente para que a atividade econômica volte a surpreender para cima. Além disso, o mercado continua em alerta no que diz respeito ao setor imobiliário chinês, uma vez que a Evergrande, gigante do setor, segue dando indícios de default, fator que aumenta a aversão a riscos dos players.

No ambiente doméstico, o Copom se reuniu também no dia 20, e decidiu, sem surpresas, reduzir a Selic em 50 bps, levando a taxa a 12,75%. A ata, no entanto, trouxe um tom um pouco mais duro, dando ênfase em temas que o Banco Central parece estar dedicando maior atenção, como foi o caso dos parágrafos que alertam sobre as condições externas e o que reforça a persecução das metas fiscais domésticas. Adicionalmente, em relação às próximas reuniões, manteve a expectativa de cortes na mesma magnitude, esvaziando as apostas do mercado por um corte mais forte, de 75 bps, em dezembro. Esse cenário, junto com a cautela do exterior, contribuiu com a abertura das curvas, que sobem cerca de 35 bps nos vértices intermediários e 50 bps nos mais longos. Já no curto prazo, a curva registra leve queda.

O Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2024, encaminhado no dia 31 de agosto, repercutiu ao longo do mês de setembro. A meta de zerar o déficit primário no ano que vem foi mantida e para isso, o governo precisa aprovar no Congresso um conjunto de medidas no valor de R$ 168 bilhões. Se anteriormente as maiores incertezas eram em torno do desenho final do arcabouço fiscal, hoje o aumento dos prêmios de risco são uma consequência do ceticismo do mercado quanto à  execução dessas medidas de receita para o cumprimento das metas fiscais.

A descrença do mercado, em parte de justifica pela dificuldade que o governo vem tendo na relação com o Congresso, mesmo com a entrega dos ministérios do Esporte e o de Portos e Aeroportos para o PP e Republicanos respectivamente.

A questão fiscal voltou às manchetes com a proposta do governo, encaminhada pela AGU ao STF, defendendo que a suprema corte considere o teto de precatórios inconstitucional e mude a classificação contábil dos precatórios. A petição aponta que o principal dessa dívida deveria continuar sendo classificado como despesa primária, mas o pagamento dos juros seria uma despesa financeira. 

O somatório de incertezas sobre os juros nos EUA, crescimento da China e capacidade do governo Lula de entregar as metas do arcabouço fiscal trouxeram volatilidade para as diversas classes de ativos ao longo de setembro. O Ibovespa deve fechar o mês próximo do zero a zero, enquanto os índices acionários americanos apresentaram quedas expressivas, especialmente o Nasdaq (próximo a -6,0%), cujas empresas são mais sensíveis ao movimento das treasuries. No mercado de câmbio, o real se desvalorizou frente ao dólar, em um movimento de aversão ao risco generalizado. Já o ouro, também apresentou depreciação no mês.  

Para outubro, nos EUA, o entendimento sobre as resoluções do orçamento fica no radar dos investidores sob a ameaça de shutdown. Na China, é aguardado um posicionamento mais contundente do governo no apoio à recuperação econômica. E, no Brasil, o mercado espera a apresentação do parecer final do texto da reforma tributária. O relator do texto no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), adiou a entrega do dia 04 para o dia 20. A conclusão desta votação e o andamento da pauta econômica no Congresso estão sendo acompanhados de perto e, a depender dos textos finais, podem contribuir para uma redução adicional dos riscos domésticos. 

Em relação à alocação, mantivemos a estratégia moderada inalterada para outubro. Entendemos que existem novos riscos para monitorarmos na conjuntura, mas que, no momento, as alocações conseguem se aproveitar das oportunidades disponíveis com o nosso cenário base. Reforçamos a importância da diversificação e a boa relação risco retorno na renda fixa no Brasil hoje. 

Este material de divulgação foi elaborado pela Órama DTVM S.A.. A estratégia cima divulgada foi elaborada de acordo com o momento econômico e de mercado, congregando métricas de diversos tipos de risco, como aqueles calculados por prazo, modalidade de investimento, dentre outros, que podem mudar de tempos em tempos, inclusive a exclusivo critério da Órama. A estratégia disponibilizada não leva em consideração os objetivos de investimento, situação financeira, assunção de riscos ou necessidades pessoais de um tipo de investidor em específico e não deve ser considerada para estes fins. Recomendamos o preenchimento do seu perfil de investidor antes da realização de investimentos, bem como que entre em contato com seu assessor para orientação com base em suas características e objetivos pessoais. Investimentos nos mercados financeiros e de capitais estão sujeitos a riscos de perda superior ao valor total do capital investido. O resultado da estratégia pode ser diferente e variar de acordo com os ativos alocados pelo investidor. RENTABILIDADE PASSADA NÃO REPRESENTA GARANTIA DE RENTABILIDADE FUTURA. AS RENTABILIDADES DIVULGADAS NÃO SÃO LÍQUIDAS DE IMPOSTOS E TAXAS DE ENTRADA, DE SAÍDA OU DE OUTRAS TAXAS, QUANDO APLICÁVEL. FUNDOS DE INVESTIMENTO NÃO CONTA COM GARANTIA DO ADMINISTRADOR, DO GESTOR, DE QUALQUER MECANISMO DE SEGURO OU DO FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITOS – FGC. Leia a lâmina de Informações essenciais dos fundos, se houver, e o regulamento antes de investir, bem como informações sobre quaisquer outros produtos, quando for o caso, no site www.orama. com.br. Este material tem propósito meramente informativo. A Órama não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações aqui divulgadas. As informações deste material estão atualizadas até 28/09/2023.
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