Atualização sobre Americanas nas estratégias da ÓGR

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A Americanas reportou em Fato Relevante, divulgado no dia 11 de janeiro, que detectou inconsistências em lançamentos contábeis realizados em exercícios anteriores, incluindo o exercício de 2022. Na ocasião, ainda não eram claros os reais impactos das inconsistências identificadas. Em reunião realizada na manhã do dia 12 de janeiro, o ex-presidente Sérgio Rial reforçou que os ajustes contábeis necessários no balanço da companhia não teriam impacto no caixa. No entanto, era de se esperar um aumento relevante da dívida e uma redução do patrimônio líquido, o que levaria a necessidade de injeção de capital. De toda forma, foi declarado que os acionistas de referência da companhia, que tem capacidade de investimento, poderiam atuar na capitalização e, ainda, que parte do capital necessário poderia vir da própria operação com redução do capex e do estoque.

No dia 13 de janeiro, para se prevenir de possíveis vencimentos antecipados, a companhia conseguiu uma tutela de urgência cautelar na justiça, com prazo de 30 dias, que suspendia a possibilidade de bloqueios, sequestros ou penhora de bens, assim como adiou a obrigação de pagar dívidas até o fim do prazo de tutela. A decisão judicial também determinava a imediata restituição de todo e qualquer valor que os credores eventualmente tivessem compensado, retido e/ou se apropriado.

Após quatro dias de tentativa, na quarta-feira, dia 18 de janeiro, o BTG conseguiu na justiça o direito de bloquear R$1,2 bilhão da Americanas. O desembargador, no entanto, determinou o bloqueio dos valores devidos ao banco até o julgamento de mérito da ação.

Em fato relevante divulgado no dia 19 de janeiro, a Americanas declarou que a posição de caixa disponível para suas atividades foi reduzida significativamente para R$ 800 milhões (vs. R$ 8,6 bilhões em setembro de 2022), após a decisão favorável do TJ/RJ que permitiu que os credores revissem linhas de crédito ou retivessem os depósitos da companhia. Mais tarde, na mesma data, a companhia informou que ajuizou o pedido de recuperação judicial do Grupo Americanas.

Como funciona o processo de recuperação judicial?

Após a sanção da Recuperação Judicial, a companhia obtém um prazo de blindagem de 180 dias em que todas suas obrigações de dívida ficam suspensas. A lei prevê que o período de blindagem seja suficiente para a aprovação de um plano, apesar de poder ser estendido por mais 180 dias.

A companhia tem até 60 dias para apresentar a primeira versão de um plano de reestruturação, com as principais medidas a serem tomadas para balancear sua estrutura de capital. O plano deve considerar: (i) renegociação de dívidas; (ii) injeção de capital; e/ou (iii) desinvestimento de ativos.  

A companhia tem até 150 dias para convocar uma assembleia de credores para aprovar o plano.

Impactos no Órama Liquidez

A posição em LAMEA7 foi adquirida nos fundos da Órama Gestão de Recursos em outubro de 2022. As debêntures, classificadas como AAA(bra) pela Fitch Ratings, possuíam alta liquidez no mercado secundário. Além disso, o rating nacional de longo prazo da Americanas era AAA por duas agências internacionais (S&P e Fitch Ratings). Na metodologia Órama de classificação de ativos, a debênture fazia parte da parcela da estratégia que chamamos de “carrego”, composta por ativos considerados de alta qualidade de crédito. 

Nesse contexto, na última semana, as debêntures da companhia refletiram aberturas relevantes de prêmio no mercado secundário. A metodologia de precificação da ANBIMA prevê o uso da média móvel de um dia em caso de eventos de grande impacto, de forma que todo o efeito da abertura do spread de crédito já está refletido nas cotas dos fundos. 

DataMarcação ANBIMA-  LAMEA7 (% do PAR)
12-jan-23 49,7%
13-jan-23 49,4%
16-jan-23 39,0%
17-jan-23 23,8%
18-jan-23 22,1%
19-jan-23 15,5%
Marcação de LAMEA7 (% do PAR) 0,0%10%15%20%30%40%50%
Impacto no Órama Liquidez -2,13%-1,92%-1,81%-1,70%-1,48%-1,27%-1,05%

O fundo já sofreu o impacto negativo de 1,81% relativo à marcação das debêntures, sendo o pior cenário possível um impacto negativo adicional de 0,32%. Com a remarcação das debêntures, a exposição do Órama Liquidez em Americanas foi reduzida de 2,1% para 0,39% do patrimônio líquido do fundo entre o dia 11 de janeiro e 20 de janeiro. 

Por outro lado, nossas estratégias estão com saldo relevante em caixa e nesse momento de volatilidade podem surgir excelentes oportunidades. Considerando a exposição do mercado a debêntures da companhia, outros fundos podem precisar aumentar seus percentuais de caixa gerando aberturas de prêmio em outros ativos. 

Simulação do resultado do Órama Liquidez

Para ajudar na visualização do que esperamos para o resultado do Órama Liquidez daqui para frente, realizamos um exercício de simulação com base em dois cenários. 

Vale ressaltar, que isso é apenas um exercício de simulação que leva em consideração os possíveis impactos com Americanas e a expectativa da equipe quanto ao mercado de crédito.

Cenário Base: 

  • Por conta da necessidade pontual de liquidez, acontece uma abertura de 30 basis points nos spreads dos ativos no mercado secundário de crédito ainda em janeiro. Ao longo dos próximos meses, observamos um fechamento gradual nos spreads de crédito de 15 basis points
  • A debênture LAMEA7 é marcada em 10% do PAR.

Resultado do fundo até 20 de janeiro: -1,171%

Resultado esperado do fundo para o mês de janeiro de 2023: 0,988%

Resultado esperado para o fundo entre fevereiro e dezembro: entre 115% e 118% do CDI

Cenário Pessimista: 

  • Por conta da necessidade pontual de liquidez, acontece uma abertura de 30 basis points nos spreads dos ativos no mercado secundário de crédito ainda em janeiro. Durante os próximos meses, observamos um fechamento gradual nos spreads de crédito de 10 basis points. 
  • A debênture LAMEA7 é marcada em 0.

Resultado do fundo até 20 de janeiro: 1,171%

Resultado esperado do fundo para o mês de janeiro de 2023:  -1,203%

Resultado do fundo entre fevereiro e dezembro: entre 112% e 115% do CDI

Vale ressaltar ainda que nosso time de gestão e jurídico estão empenhados em recuperar o máximo possível do investimento em debêntures de Americanas, o que não é considerado em nenhum dos cenários e deve representar um retorno adicional aos cotistas do fundo. 

Estratégia e carteira do Órama Liquidez

O fundo, classificado como Renda Fixa, tem como meta garantir liquidez e uma rentabilidade superior ao CDI aos investidores . A carteira do Fundo é composta por títulos públicos, – ativos de dívida do governo, de baixíssimo risco – títulos de crédito privado e cotas de fundos de investimentos. 

Os títulos públicos e compromissadas são utilizados na parcela de liquidez e redução de volatilidade, enquanto o percentual alocado em crédito privado varia de acordo com a análise da gestora e as condições macroeconômicas e de mercado, visando o diferencial de rentabilidade da carteira.

A estratégia de crédito privado corporativo do Órama Liquidez, hoje 16,4% do patrimônio líquido do fundo, é composta por uma carteira diversificada em emissores e setores. São atualmente 18 emissores na carteira, sendo que o emissor com maior exposição representa 2,1% do patrimônio líquido do fundo. 

SetorExposição (% do PL)
Saneamento 4,1%
Petróleo. Gás e Biocombustíveis 3,2%
Transporte 1,9%
Saúde 1,6%
Varejo 1,5%
Geração de energia 1,3%
Siderurgia 1,1%
Bens duráveis 1,1%
Gestão de resíduos 0,6%
Total 16,4%

O passivo do fundo é diversificado e composto por 4.834 cotistas. 

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