5 gestoras de fundos para acompanhar de perto

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Um dos temas mais frequentes quando abordamos o universo de fundos de investimento é o elevado grau de competitividade dessa indústria, seja pelo atual número de gestoras ou pela qualidade dos profissionais envolvidos nos diversos âmbitos da indústria de fundos. Além disso, quando falamos de gestão de fundos, muitas vezes não basta apenas ser bom, tem que ser fora da curva também de forma relativa aos pares. Inúmeras gestoras e fundos já nasceram e morreram com times extremamente qualificados, mas que não performaram mais que seus pares ou até mesmo que o CDI. 

Para deixar mais claro esse ambiente competitivo, de acordo com dados da ANBIMA, temos 28.403 fundos no Brasil e algumas classes tiveram crescimentos relevantes desde 2015. Por exemplo, os fundos de ações mais que dobraram e fundos multimercado aumentaram em 90%. Quando olhamos para o Patrimônio Líquido total alocado nessas classes, nos fundos de ações quase quadruplicou e nos fundos multimercado quase triplicou, tendo R$ 529,4 bilhões e R$ 1,6 trilhão alocados, respectivamente.   

Dentro desse ambiente altamente competitivo, uma trinca de fatores são essenciais para uma gestora prosperar: AUM (ativos sob gestão) relevante, time qualificado e performance de longo prazo. Vale destacar que dificilmente uma gestora despontará e será perene com apenas dois desses fatores, independente da combinação. 

Desde 2020, algumas gestoras nasceram com times experientes e com um AUM significativo, o que ajuda a “furar a arrebentação” para remunerar o time e ter uma largada melhor. Tendo um time forte e um AUM inicial relevante, a performance consistente é um dos pontos a se analisar no futuro. Com isso, sem a pretensão de exaurir as opções, elenco 5 destas “novas” gestoras de fundos de investimento de crédito privado, multimercado e ações para acompanharmos de perto.

Root Capital

A Root Capital é daquelas gestoras que abraçam um skill específico, gerando foco e profundidade na gestão de seus fundos de investimento. O time da Root Capital já trabalha junto há mais de uma década, quando se juntaram em 2009, com passagens pela JGP e Canvas, sempre com foco único em Crédito Privado. Atualmente,  esse time faz a gestão de R$ 1,7 bilhão e o formato atual da gestora, chamado por eles de Root 2.0, existe desde 2021.  

Rafael Fritsch, CIO da Root, tem mais de 23 anos de experiência em crédito High Yield e Distressed. Antes de formar a atual estrutura da Root, foi CIO das plataformas de crédito da JGP e Canvas, além de ter atuado como Portfolio Manager senior na Arrowgrass Capital Partners, Deutsche Bank e Bank of America em Londres, dentre outras experiências.

A maior parte do time que Rafael montou está junto desde a passagem pela Canvas, de onde saíram para se dedicar a Root. São 13 profissionais seniores, entre gestores, analistas de crédito e advogados.

Rafael sempre destaca que atuam sobre todo o espectro de crédito privado aqui no Brasil, desde ativos distressed, em situações especiais, passando por ativos com menor risco de crédito, chamados high grade, até ativos um pouco mais arriscados, os chamados high yield. Diferente de muitas gestoras de renda fixa no Brasil, os fundos da Root não ficam com uma carteira extremamente pulverizada com muitos ativos, pois gostam de acompanhar de perto os cases que investem. Além disso, como a carteira dos fundos é mais concentrada, gostam de entrar em operações com bastante colateral para garantir a dívida em um evento de default, ou calote, no bom português. 

Um ponto de destaque é que dado o longo histórico do time já navegaram por diversos contextos políticos e macroeconômicos no Brasil e no mundo, dos melhores aos piores, o que fortalece o rigor analítico e a capacidade de identificar as vantagens e as fraquezas das operações de crédito.

Nos fundos da Root, dependendo do produto, o cotista pode esperar uma série de instrumentos financeiros, desde debêntures até FIDCs, mas o que vale é a capacidade do time de encontrar o meio mais adequado para capturar a melhor relação risco-retorno, com foco na garantia das operações. Outro ponto importante é que dentro do espectro de crédito, são agnósticos aos setores, atuando na maioria deles e com poucas restrições.

Aplicação mínima: R$ 5.000,00

Resgate: D + 360

Público-alvo: Investidores Qualificados

Perfil: Arrojado

Taxa de Administração (máxima): 2%

Aplicação mínima: R$ 1.000,00

Resgate: D + 59

Público-alvo: Investidores Qualificados

Perfil: Moderado

Taxa de Administração (máxima): 1,04%

Alphatree Capital

É comum encontrarmos no Brasil gestores que fizeram parte da carreira aqui e parte no exterior. O caso da Alphatree, criada em 2020, é um exemplo de profissionais que circularam por grandes instituições estrangeiras e nacionais, de bancos de investimento a gestoras renomadas, até decidirem construir o próprio negócio. A gestora nasceu com um seed money de R$ 315 milhões e, atualmente, tem R$ 470 milhões sob gestão. 

Rodrigo Jolig, co-CEO e CIO (Chief Investment Officer), tem 21 anos de experiência na mesa de operações de juros e moedas, sendo 14 anos de experiência entre instituições de Nova York e Londres. No Morgan Stanley, sua última casa antes de fundar a Alphatree, foi responsável global pela área de opções de câmbio para mercados emergentes e área de opções de Londres. Na Alphatree, além da posição de CIO, é responsável pela área macro global. 

Jonas Doi, co-CEO e Portfolio Manager (PM) Brasil, passou mais de 10 anos na Verde Asset e Hedging Griffo como gestor e trader focado em Macro Brasil, atuando de forma próxima com Stuhlberger, um dos gestores mais renomados do país. Além disso, iniciou sua carreira no JP Morgan Chase como trader na Tesousaria. Em linha com sua experiência prévia, Jonas é responsável pela frente Macro Brasil. 

O time de investimentos da Alphatree tem 11 pessoas, contando com a área quantitativa, liderada por José Robazzi que é o PM responsável por estratégias sistemáticas, com a área econômica, liderada por Raone Costa e com a mesa de operações. Vale destacar que o departamento quantitativo da Alphatree apoia as discussões de cenário e posicionamento do comitê de investimentos, gerando maior escala e profundidade ao testarem estratégias antes e depois de implementarem os trades

A Alphatree é uma gestora monoproduto, concentrando os esforços em seu multimercado macro global, o Alphatree FIC FIM. A estratégia busca capturar as oportunidades nos mercados de juros, moedas, ações (via índices), commodities e volatilidade, no Brasil e mercados internacionais mais líquidos. Espera-se que a maior parcela de retorno venha de posições estratégicas, ou seja, de longo prazo, e uma parcela menor de posições com horizonte mais curto.

Dada a experiência de Jolig no exterior e de Jonas no Brasil, não há uma preferência específica por fonte de retorno – seja em relação à geografia ou classe de ativo. O ponto principal destacado pela Alphatree é que buscarão capturar as oportunidades que possuam boas assimetrias de risco, independente de onde estiverem. O próprio nome da gestora faz referência a proposta de “produzir alpha, de múltiplas formas e com diferentes ramificações”.

Aplicação mínima: R$ 5.000,00

Resgate: D + 30

Público-alvo: Investidores Qualificados

Perfil: Arrojado

Taxa de Administração (máxima): 2%

Upon Global Capital

O caso da Upon é semelhante ao da Alphatree, apesar das gestoras terem propostas, modelos e profissionais diferentes envolvidos no dia a dia. Thiago Melzer, co-fundador e CIO da Upon Global Capital, também construiu grande parte da sua história no mercado através da atuação no exterior. A Upon nasceu com R$ 350 milhões sob gestão e, atualmente, está com quase R $500 milhões.

A Upon Global Capital nasceu no final de 2020 e teve seu primeiro fundo a partir de novembro de 2021. A gestora já nasceu com DNA global, tendo times no Brasil e em Nova York para poder explorar uma das principais propostas do seu multimercado: buscar retornos no Brasil e, principalmente, no exterior, objetivando uma descorrelação com o restante da indústria de fundos.

Grande parte dessa proposta partiu da experiência do Melzer. Formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), começou a carreira aqui no Brasil como trader e se juntou ao Morgan Stanley em 2007. Ao longo dos anos assumiu posições em São Paulo, Nova York e Londres, exercendo o cargo de Head Global de opções de câmbio e Head de juros e moedas para Américas. 

No modelo da Upon, além de Melzer à frente da estratégia macro, a gestora ainda conta com uma série de portfolio managers (PMs) responsáveis pelo book único do Upon Global Macro FIC FIM. Para fazer a alocação do portfolio, o comitê de investimentos traça o cenário e discute os melhores ativos para implementar a visão do time. Além disso, há uma discussão de qual o melhor tipo de instrumento para fazer o trade, visando otimizar os custos e volatilidade, por exemplo.

Dentro da estratégia, a Upon tem a proposta de operar de maneira global para capturar oportunidades descorrelacionadas do mercado, principalmente olhando para posições de curto prazo (dias, semanas). O fundo tem o objetivo de ficar entre 70%-80% alocado internacionalmente e de 20%-30% no Brasil, refletindo a expertise internacional do time. As operações são focadas nos mercados mais líquidos, tanto dentro do G10 – grupo das dez maiores economias do mundo – quanto em emergentes. No longo prazo, a expectativa é que a alocação de risco do fundo seja, aproximadamente, de 40% em moedas, 30% em juros, 20% em commodities e 10% em ações (via índices e ETFs – sem fazer stock picking – pois a visão é macro e não micro).

Aplicação mínima: R$ 1.000,00

Resgate: D + 30

Público-alvo: Investidores em geral

Perfil: Moderado

Taxa de Administração (máxima): 2,30%

Tenax Capital

A Tenax foi formada por ex-sócios da AZ Quest que trabalharam juntos por 10 anos e saíram da gestora em diferentes momentos de 2021. A gestora começou suas atividades com R$ 250 milhões de AUM (ativos sob gestão), envolvendo o seed money de um player estratégico do mercado, e acabaram de bater a marca de R$ 1 bilhão sob gestão.  

Ao montarem o próprio negócio, o desejo dos sócios-fundadores da Tenax foi o de adaptar experiências conjuntas anteriores à realidade atual do mercado. Por isso, optaram por oferecer uma grade de produtos enxuta, com estratégias e principais mandatos que a equipe geria anteriormente, entre eles fundos macro, ações long only e total return (retorno absoluto).

Dada a senioridade do time, os planos foram ambiciosos na hora de estruturar o projeto. Como falado no início do texto, a indústria de fundos é extremamente competitiva e é preciso se diferenciar para obter destaque frente aos pares. Tendo isso em vista, os sócios-fundadores firmaram uma parceria com o Itaú para receberem um aporte de R$ 200 milhões do Rising Stars, um fundo do banco que investe no desenvolvimento de gestoras independentes. 

O fato da gestora ter sido alvo de investimento do fundo do Itaú é benéfico por vários motivos. Primeiro, a Tenax recebeu o aporte enquanto ainda estava na fase mais embrionária, o que mostrou a confiança do Itaú nos profissionais e no modelo. Além disso, essa solidez institucional propiciou um valor de ativos sob gestão confortável para montar uma estrutura robusta do ponto de vista de tecnologia, processo e equipe. Apesar da sua fundação recente, a Tenax já conta com 27 profissionais, incluindo 17 pessoas na área de investimentos. Alexandre Silverio (CEO), Rodrigo Mello e Adriano Thiago estão à frente da gestão de renda variável e Sergio Silva e Vinicius Fukushiro são gestores responsáveis pela área macro, além do time contar com traders, analistas e economistas. 

Um ponto importante da transação com o Rising Stars é que o seed money não tem contrapartida uma participação na sociedade da Tenax – que costuma ser uma das moedas mais importantes das gestoras para retenção de talentos. 

Por fim, o fato de ter um carimbo do maior banco privado do Brasil gera maior lastro institucional para a Tenax, facilitando a aceitação e acesso ao restante do mercado para os seus fundos de investimento. 

Na visão da gestora, um dos diferenciais da Tenax está no seu processo de investimentos, desenvolvido ao longo de anos de trabalho conjunto e que passa pela combinação da análise macro (top-down) com análise micro (bottom-up), independente da estratégia. A ideia é que mesmo em estratégias de ações, nas quais a análise micro costuma dominar, a análise macroeconômica seja muito presente (e vice-versa) para trazer mais amplitude e complementaridade nas discussões.    

Tendo esse traço impresso na gestão, o fundo macro da Tenax será um multimercado macro global com objetivo de entregar CDI + 8% ao cotista. O long only é um fundo adaptado para receber aportes de investidores institucionais, desenhado para superar o Ibovespa e com liberdade para o gestor explorar posições em todo o espectro de capitalização da bolsa brasileira, sem restrição. Por fim, o fundo Tenax Total Return terá como benchmark o IPCA + Yield de IMA-B e, na prática, será semelhante a um fundo long biased. Terá uma carteira comprada de ações e uma parcela vendida (short), tanto para alpha quanto para operações de valor relativo (long and short). O fundo pode oscilar de 30% a 80% a parcela comprada (net long) e tem como objetivo poder capturar parte relevante das altas na bolsa e ser mais defensivo em momentos de estresse.

Aplicação mínima: R$ 1.000,00

Resgate: D + 28

Público-alvo: Investidores em geral

Perfil: Arrojado

Taxa de Administração (máxima): 2,50%

Aplicação mínima: R$ 1.000,00

Resgate: D + 28

Público-alvo: Investidores em geral

Perfil: Arrojado

Taxa de Administração (máxima): 2,50%

Aplicação mínima: R$ 1.000,00

Resgate: D + 29

Público-alvo: Investidores em geral

Perfil: Moderado

Taxa de Administração (máxima): 2,50%

Aster Capital

Fundada em 2021, a Aster Capital é uma gestora independente com fundos de investimento de renda variável, focada no mercado brasileiro. O nome, que significa “Estrela” em grego, é uma homenagem dos sócios-fundadores à casa que faziam parte, a Constellation Asset Management, uma das mais tradicionais do país. Atualmente, os fundos da Aster somam um patrimônio de, aproximadamente, R$ 700 milhões.

Dentre os sócios-fundadores da Aster estão Marcello Silva e Marcos Matsutani, que eram sócios do time de investimentos (junto com Florian Bartunek) da Constellation, uma gestora que tem mais de 20 anos de história e que se consolidou como uma referência em ações no Brasil.  Marcello e Marcos trabalharam respectivamente 15 e 12 anos na Constellation e ambos faziam parte do comitê de investimentos da casa.

Para a Aster, o time buscou levar o DNA da antiga casa e só terão fundos de estratégia long only, ou seja, que carregam apenas posições compradas em ações. De acordo com a gestora, o principal traço que o mercado pode esperar dos fundos é a busca por empresas de qualidade e crescimento. Com isso, o cotista pode esperar na carteira empresas com bom posicionamento em seus setores, dominantes, com barreiras de entrada, boa gestão e forte governança. 

Por outro lado, os cotistas não devem esperar ações na carteira que são mais afetadas por fatores macroeconômicos, como commodities, crescimento e questões geopolíticas, do que fatores microeconômicos, relacionados aos fundamentos da empresa. 

Com uma equipe de investimentos formada por 14 pessoas, a Aster buscou montar um time experiente e com background complementar, inclusive com histórico na economia real. Rodrigo Nasser, por exemplo, tem mais de 20 anos de experiência, sendo 11 anos na TOTVS como CEO no México e diretor de desenvolvimento e posteriormente foi VP de Tecnologia da Netshoes e Advisor de empresas públicas e privadas. A partnership também conta com Marcelo Zago, que trabalhou 17 anos na Estáter com Fusões e Aquisições, área que exige um alto nível de diligência nas empresas. A Aster também construiu uma equipe de Data Science dentro do time de investimento como parte integral do processo de pesquisa, dando mais profundidade nas análises e discussões sobre as teses.

Esse time é responsável por fazer a gestão dos fundos Aster FIC FIA e Aster FIC FIA – BDR Nível I. Os dois fundos são muito semelhantes, com a diferença que o Aster FIC FIA é para investidores qualificados e benchmark IPCA + Yield de IMA-B e o BDR Nível I é para investidor geral com benchmark Ibovespa. Os fundos têm, em média, 20 empresas investidas na carteira.

Aplicação mínima: R$ 500,00

Resgate: D + 30

Público-alvo: Investidores em geral

Perfil: Arrojado

Taxa de Administração (máxima): 2,20%

Aplicação mínima: R$ 500,00

Resgate: D + 30

Público-alvo: Investidores Qualificados

Perfil: Arrojado

Taxa de Administração (máxima): 1,80%

Tempo, performance e recomendações

Como citado inicialmente, todas as gestoras acima são relativamente novas, apesar de já contarem com um time que possui longo histórico de atuação nos mercados brasileiro e internacional, com passagens por bancos, gestoras e, em alguns casos, pela economia real. Dado o histórico recente, consideramos que seja cedo para tomar uma decisão de recomendação, optando por reconhecer o histórico do time e, principalmente, o fato de que nasceram com um montante relevante sob gestão, gerando maior segurança para o time de investimentos.

Como as estruturas são novas e as gestoras enfrentaram um cenário adverso desde 2020, acredito que uma performance consistente e de longo prazo poderá colocar essas casas entre as mais procuradas do mercado. Considerando que já nasceram com dois dos três principais fatores (AUM, time e performance) que ajudam as gestoras a prosperarem, o tempo dirá como conseguiram capturar as oportunidades ao longo do tempo para garantir o último fator: resultado.

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