O que sabemos até agora sobre a PEC da Transição?

Compartilhe o post:

Ao que tudo indica, uma Proposta de Emenda à Constituição deve ser a alternativa escolhida pelo governo de transição para conseguir emplacar a continuidade do Auxílio Brasil no valor de R$ 600 em 2023. Porém ainda não há uma redação final com a definição sobre a abrangência e volume de recursos que ficarão fora do teto dos gastos com essa PEC. Por isso, tentamos organizar as informações que temos até o momento.

O RUÍDO INICIAL: PEC FURA-TETO ENTRE R$ 175 -R$ 200 BILHÕES

No início da semana, circularam rumores de que o governo da transição estaria elaborando uma PEC entre R$ 175 e R$ 200 bilhões. Esses recursos, fora do teto dos gastos, serviriam para manter o Auxilio Brasil em R$ 600,  com o extra de R$ 150 por criança até 6 anos de idade, além de garantir ganho real do salário mínimo, continuação de projetos que estavam defasados como o Farmácia Popular e merenda escolar e ainda se discutia se o governo já conseguiria atualizar a tabela do imposto de renda.

O MERCADO FINANCEIRO RECEBEU COM RESSALVAS ESSE ROMBO 

O Ibovespa cedeu na segunda-feira 2,38% com o receio de que um rombo de R$ 200 bi em 2023  prejudicasse a trajetória fiscal do Brasil. 

LÍDERES DE PARTIDOS DEFENDEM PEC DA TRANSIÇÃO DE R$ 80 BILHÕES

Um grupo de líderes partidários informou na terça-feira (8) ao governo de transição que o Congresso Nacional aceitaria sem resistências uma PEC da Transição no valor de R$ 80 bilhões.

O montante seria o suficiente para garantir um Bolsa Família de R$ 600 e um aumento real do salário mínimo no próximo ano, promessas também feitas pelo atual presidente Jair Bolsonaro (PL). 

O recado transmitido é de que tanto o PP como o PL não aceitarão um valor fora do teto de gastos acima de R$ 100 bilhões, mesma posição manifestada por integrantes do mercado financeiro. (CNN)

NA QUARTA, LULA ASSUME ESSA DISCUSSÃO E LIRA E PACHECO DÃO SINAL VERDE À PEC COM AUXÍLIO E SALÁRIO MÍNIMO

Lula se encontrou nesta quarta-feira (09) com os presidentes da Câmara e do Senado,  do Supremo Tribunal Federal (STF), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e com a cúpula da CMO (Comissão Mista de Orçamento).

Pelo Twitter, Pacheco comentou o encontro afirmando que o “Congresso irá trabalhar, de forma responsável e célere, para assegurar os recursos que garantam, em 2023, os R$ 600 do Auxílio Brasil, o reajuste do salário mínimo, e os programas sociais necessários para a população mais carente do país.

A IDEIA DO GOVERNO DE TRANSIÇÃO É RETIRAR TODO O AUXÍLIO BRASIL DO TETO  

A equipe de Lula considera abarcar na PEC o custo total do Auxílio Brasil, inclusive os R$ 105 bilhões que já estão no Orçamento e dentro do teto. A eles se somam os R$ 52 bilhões para manter o valor do benefício em R$ 600 em 2023 e os R$ 18 bilhões para pagar R$ 150 para as famílias com crianças de até 6 anos. Ou seja, todos os R$ 175 bilhões do programa de transferência de renda ficariam fora do teto.

Dessa forma, abre-se um espaço dentro do teto de R$ 105 bilhões para programas como Farmácia Popular e Minha Casa Minha Vida e Merenda Escolar.

GATILHOS NO ORÇAMENTO PARA INVESTIMENTOS

Além da retirada total do Auxílio do teto, a equipe de Lula pode acatar sugestão do presidente da Câmara, Arthur Lira, e fazer uma previsão para aumentar investimentos no próximo ano.

A ideia é incluir no texto um mecanismo permitindo que o excesso de arrecadação no próximo ano possa ficar fora do teto e ser direcionado para investimentos, num valor de, no máximo, 1% do Produto Interno Bruto (PIB). 

Esse mecanismo de gatilho também pode ser usado para custear um reajuste do salário mínimo de 1,34% acima da inflação, cujo impacto gira em torno de R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões. 

A SINALIZAÇÃO DE QUE O AUXÍLIO FORA DO TETO DEVE SER TEMPORÁRIO 

A PEC deve também estabelecer que a exclusão do orçamento do Auxílio Brasil do teto de gastos ou da futura âncora fiscal será temporária, e não permanente. Assim, Lula sinaliza que o governo vai trabalhar para bancar suas despesas dentro do que arrecada, sem ficar recorrendo a endividamento para financiar o programa social. (Poder360 / G1)

LULA ARTICULA PARA APROVAR PEC DA TRANSIÇÃO NESTE ANO

A equipe de transição, chefiada no tema Orçamento pelo senador eleito Wellington Dias (PT-PI), estava fechando o texto da PEC com o presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado Celso Sabino (UB-PA), e com o relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI). O texto será submetido a Lula para aprovação. A equipe trabalha com a ideia de iniciar a tramitação já na próxima semana, para que seja possível aprovar a PEC até o início de dezembro.

Geraldo Alckmin já afirmou que “para pagar [o Bolsa Família de R$ 600] em janeiro, há necessidade de, até 15 de dezembro, termos a autorização da PEC da Transição e da lei orçamentária”.

A estratégia então é apresentar a PEC no Senado, o que deve ser feito pelo líder do PT na Casa, Paulo Rocha (AC). A expectativa é que a tramitação total do texto nesta Casa dure apenas três dias, já que a matéria não precisa passar por comissão especial.

na Câmara, a tramitação levaria cerca de sete dias. Neste caso, será preciso aproveitar o texto de uma PEC que já esteja em estágio mais avançado para acelerar a tramitação. (Estadão)

PARA CONSEGUIR NEGOCIAR APOIO À PEC, LULA DESISTE DE EMBATE ÀS EMENDAS DE RELATOR

Com foco no Orçamento de 2023, Lula pretende encontrar uma saída negociada para as emendas do relator. Para Lira, isso também é vantajoso, já que evita o risco de o mecanismo ser extinto pelo Supremo ou de o novo governo ter força suficiente para limitá-lo.

O grupo político do petista ainda estuda o que propor em relação a esse mecanismo. Não há martelo batido, mas o seguinte está em discussão: 

  • diminuir o valor das emendas de relator; 
  • elevar os valores de emendas individuais e de bancada; 
  • estipular um percentual mínimo a ser destinado a investimentos; 
  • vincular os recursos a obras federais, estaduais e municipais.

mais transparência: por exemplo, registrar os beneficiários das emendas de relator e deixar os dados no formato das emendas individuais. (Hoje, por meio de plataformas como o Siga Brasil, é possível baixar uma tabela de Excel com os nomes dos congressistas e quanto cada um destinou em emendas individuais para o que. Não há informações organizadas dessa forma disponíveis sobre as emendas de relator). (Poder360)

Lorena Laudares |  Mestre em Ciência Política 

(21) 98115-6831 –  lorena.laudares@orama.com.br

As informações contidas neste material têm caráter meramente informativo, não constitui e nem deve ser interpretado como solicitação de compra ou venda, oferta ou recomendação de qualquer ativo financeiro, investimento, sugestão de alocação ou adoção de estratégias por parte dos destinatários. Este material é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da Órama Investimentos, incluindo agentes autônomos e clientes, podendo também ser divulgado no site e/ou em outros meios de comunicação da Órama. Fica proibida sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da Órama.
Compartilhe o post:

Posts Similares