Comunicado Copom – Setembro 2022

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Comunicado Copom – 249ª reunião

DECISÃO DO COPOM

O Copom do Banco Central (BC) decidiu manter a Selic em 13,75%. Decretando, em nossa opinião, o fim do atual ciclo de alta iniciado ano passado, quando a taxa se encontrava em 2% a.a.

Temos uma avaliação que, a despeito de um ambiente inflacionário ainda desafiador, sobretudo no que tange aos preços dos serviços e alimentos, os recentes números mais favoráveis do IPCA e dos IGPs, permitem que o Comitê avalie os efeitos da estratégia praticada, de imprimir velocidade acelerada de alta nas taxas. O objetivo era, justamente, resgatar o controle do processo e ancorar as expectativas inflacionárias para 2023 e 2024.

COMENTÁRIOS

No comunicado pós-reunião, o Comitê enfatiza que irá perseverar, até que os resultados convirjam para as metas e que não hesitará em retomar o processo de alta, caso entenda necessário.

Sem fugir do roteiro adotado há algum tempo, o Copom salientou os fatores de risco em ambas as direções e permaneceu dando ênfase às incertezas em relação ao lado fiscal, que comprometem as expectativas inflacionárias.

Um ponto que julgamos interessante ressaltar é que consideramos que as taxas deverão permanecer elevadas por longo tempo, como, aliás, o próprio comunicado sugere, uma vez que ainda existem muitas incertezas no horizonte, tanto domésticas, quanto externas. Outro aspecto é que o mercado havia começado a antecipar uma redução mais célere dos juros, talvez no 1º trimestre de 2023, o que, em nossa visão, não é condizente com a política em curso.

Por fim, a última “Super Quarta” do ano trouxe a decisão do Fomc do Fed de elevar em 75 pontos a taxa de juro americana, colocando-a no maior nível desde 2008. É um evento a se destacar, mas não nos causa maiores apreensões sobre eventuais consequências sobre a nossa política, uma vez que o BC brasileiro se antecipou ao recrudescimento da inflação, enquanto o americano se atrasou com a narrativa de transitoriedade. O Fed está correndo atrás para retomar a confiança dos agentes econômicos. Assim, discurso de “higher for longer”, como no comunicado pós-encontro, além de novas elevações até 4,25%-4,50% nos Fed Funds, nos parecem inevitáveis.

Cabe ressaltar que em anos eleitorais as pressões por maiores gastos são comuns. Exemplo disso é o caso recente da PEC dos Benefícios, o que denota uma fragilidade fiscal que acaba afetando para pior as expectativas. Surge daí o cuidado do Copom com essa temática ser recorrente.


Alexandre Espirito Santo – Economista-Chefe

Elisa Andrade – Analista de Macroeconomia

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