Comunicado Copom – Junho 2022

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Comunicado Copom – 247ª reunião

DECISÃO

O Copom do Banco Central decidiu, na quarta reunião de 2022, subir a taxa Selic em 0,5 p.p., para 13,25% a.a.. Assim, essa é a décima primeira elevação consecutiva, algo inédito na história do Comitê.

O movimento de hoje foi em linha com a expectativa da maior parte do mercado, incluindo a nossa. O ambiente de inflação é desafiador, agravado por diversos fatores externos.

COMENTÁRIOS

No comunicado pós reunião, o Comitê enfatizou os riscos que estão no radar. Dessa forma, os provenientes do conflito no Leste Europeu, que mantém as cotações do barril do petróleo acima de U$ 100, são notáveis. O Comitê adotou a premissa do preço do barril em U$ 110 ao final de 2022. Tal situação produz impactos adversos sobre os preços dos combustíveis, um dos principais fatores de pressão inflacionária.

Nesse sentido, a despeito dos potenciais resultados da PLP-18 serem positivos sobre o IPCA de 2022, podem impactar negativamente a inflação de 2023. A autoridade monetária ainda não considera em seus cenários esses movimentos. Só que, se a Petrobras mantiver sua atual política de preços de derivados, poderemos ver os efeitos do PLP anulados.

O Comitê incluiu em seu comunicado frase sobre “estratégia de convergência da inflação ao redor da meta”, não mais a frase “para a meta”. Dessa forma, assume que o horizonte relevante de atuação da política monetária, que é 2023, não terá a meta inflacionária cumprida. Nesse sentido, justificou sua atuação incluindo o ano de 2024 como projeção dentro da meta.

Como de costume, o Copom também analisou as incertezas em relação ao arcabouço fiscal. O balanço de riscos permanece com assimetria altista. O cenário ainda é de desancoragem para o horizonte relevante. Dessa forma, os diretores consideram que a política monetária deve prosseguir em território ainda mais contracionista, pois entendem que o processo de desinflação ainda não está ocorrendo.

PRÓXIMOS PASSOS

O Comitê sinalizou que antevê um novo ajuste de igual ou menor magnitude na próxima reunião.

Em conclusão, o Fomc do FED elevou suas taxas em 0,75 p.p. Esse movimento até poucos dias era completamente descartado pelo mercado. O FED parece buscar solução para a inflação mais alta em 40 anos acelerando o ritmo de aperto. Contradizendo, assim, suas mais recentes sinalizações. Dessa forma, nos parece adequado concluir que essa decisão possa afetar o comportamento dos demais bancos centrais mundo afora. O nosso não seria diferente.


Alexandre Espirito Santo – Economista-Chefe

Elisa Andrade – Analista de Macroeconomia

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