Painel 15 – 21/03/2022

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Projeções para o final de 2022

IndicadorÚltimo 08.03.2022Atual 21.03.2022COMENTÁRIOS
PIB do Brasil+0,4%+0,4%Mantivemos a projeção de crescimento de 0,4% para o PIB.
Os indicadores mensais de atividade apresentaram retração em janeiro em comparação a dezembro. O IBC-Br, divulgado em 17/03, sinalizou contração da atividade em 0,99% e o Monitor do PIB, divulgado em 21/03, apontou queda de 1,4%.
A produção industrial recuou 2,4% em janeiro em comparação a dezembro, devolvendo parte do avanço do indicador observado no mês anterior (2,9%).
–       O setor de bens de consumo duráveis (-25,8%) registrou o sétimo mês em retração, influenciado principalmente pela redução na fabricação de automóveis (-29,8%) e de eletrodomésticos da “linha branca” e da “linha marrom” (-28,1% e -20,1%, respectivamente).
–       O setor de bens de consumo semi e não duráveis recuou 8,4% no mês, registrando, também, a sétima queda expressiva de produção da categoria, explicada pela menor fabricação de roupas e calçados.
–        As pressões positivas vieram da produção de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (9,5%).
O setor de serviços apresentou recuo de 0,1% em janeiro, após ter avançado 4,7% em novembro e dezembro. O setor já opera 7% acima do patamar pré pandemia (fevereiro de 2020).
A taxa de desemprego, divulgada pela PNAD Contínua, recuou para 11,2% no trimestre móvel findo em janeiro, ante 12,1% na comparação com o trimestre encerrado em outubro. É importante destacar que houve aumento da população ocupada que se deu principalmente em função da informalidade.  O número de trabalhadores sem carteira assinada aumentou 3,6% na comparação trimestral e 19,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os subsídios do governo virão diretamente como injeção de Gastos, que impulsionarão positivamente o resultado do PIB pelo lado da demanda. A agropecuária, com previsões de boas safras, deverá ser o vetor pelo lado da oferta. No entanto, a frágil conjuntura econômica global e interna, com juros elevados e alta inflação, é gargalo para o crescimento.
Resultado Primário0,5% a -1,5%-1,0% a -1,5%Atualizamos o intervalo para déficit primário entre -1% e -1,5%, movidos pelas recentes decisões do governo de caráter fiscal expansionista, que, no limite, geraria até 1,5% de aumento no PIB, com efeitos deletérios sobre o déficit.
Uma vez que projetamos menores crescimento e inflação para o ano, teremos grandes desafios no lado da arrecadação, o que deve impactar a estatística final para pior.
SELIC12,25%12,75%Alteramos a nossa projeção da Selic para 12,75%, o maior patamar desde 2017. O Copom, na sua última reunião, decidiu elevar em 100 bps a taxa, para 11,75% a.a., sinalizando aumento da mesma magnitude para a próxima reunião, em maio.
Acreditamos que o Banco Central deve encerrar o atual ciclo de aperto monetário neste próximo encontro, caso não haja nova rodada de surpresas, especialmente resultantes do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Diferentemente do usual, o Banco Central adotou um cenário alternativo com a premissa de que os preços do barril de petróleo encerrarão o ano em U$ 100, passando a aumentar 2% ao ano a partir de janeiro de 2023.
Cabe observar o antagonismo das políticas fiscal e monetária nesse momento, sendo a primeira bastante expansionista e a segunda, como o Copom enfatizou em seu comunicado pós reunião, contracionista.
IPCA5,5%6,45%Alteramos a nossa projeção de IPCA 2022 para 6,45%. No dia 10/03 a Petrobras aumentou de R$ 3,25, para R$ 3,86 o preço da gasolina nas refinarias, motivado pela elevação  do preço internacional do petróleo. Essa alta se refletiu em +40 bps na nossa projeção de inflação para o ano.
O IPCA de fevereiro, divulgado no dia 11/03, registrou alta de 1,01% no mês, surpreendendo nossas expectativas (0,93%) e a do mercado (0,94%). O maior impacto veio do grupo “Educação”, que, em fevereiro, normalmente incorpora os reajustes praticados no início do ano letivo. Na sequência, o segundo maior impacto veio de “Alimentação e Bebidas”, grupo que persiste inflacionário pelos problemas enfrentados com as safras do início do ano. A composição do número não foi favorável como um todo, com os índices de difusão e dos núcleos aumentando, o que mostra a dificuldade para o processo desinflacionário.
Atualizamos nossas projeções incorporando essas informações e esperamos que a partir de maio seja visível o cenário de redução gradual dos índices, liderado, principalmente, pela alteração da bandeira tarifária da energia elétrica, da atual “escassez hídrica” para a “verde”.
A elevada inércia inflacionária, associada à alta volatilidade dos preços das principais commodities, segue como risco altista para o número. Por outro lado, vemos que a taxa de câmbio vem sinalizando algum alívio.
DólarR$ 5,35 a
R$ 5,55
R$ 5,20 a
R$ 5,30
Reduzimos o intervalo do dólar (média ano) para R$ 5,20 e R$ 5,30.
O significativo diferencial entre taxas de juros domésticas e internacionais continua atraindo investidores, além da “enxurrada” de dinheiro externo para nossa bolsa. Em dois meses e meio já temos o equivalente, em capital estrangeiro, a todo o montante ingressado ano passado.
Mantivemos, num cenário mais previsível de curto prazo, a cotação caminhando para o câmbio de equilíbrio, que em nossa avaliação gira em torno de R$4,85.
Não obstante o movimento atual de queda, acreditamos que tanto a guerra entre Rússia e Ucrânia, assim como as eleições de outubro, ainda demandam alguma cautela em relação às cotações.
Ibovespa130 mil pts130 mil ptsNosso target para o Ibovespa no final do ano permanece em 130 mil pontos.
O fluxo intenso de capitais estrangeiros, como acima mencionado, vem ajudando a manter o interesse em ações, que permanecem atrativas.
Existem muitas incertezas pela frente, como as eleições em outubro e a guerra entre Rússia e Ucrânia, além da mudança da política monetária do FED, que, dependendo da intensidade, pode derrubar ainda mais as bolsas em NY e, por consequência, afetar a nossa.
A equipe de Estratégia está atualizando estudos sobre os índices acionários globais para, em breve, poder sugerir um intervalo que possa auxiliar nas decisões para os vários tipos de investidores de renda variável.
Juros EUAfaixa de 1,25 a 1,50%faixa de 1,50 a 1,75%Na última reunião, o Fomc iniciou o processo de normalização da política monetária americana, com elevação de 25 bps. A surpresa veio da decisão de tornar mais célere o ajuste do balanço do BC.
Existe pelo menos um membro do Fomc (Jim Bullard) que defende uma atuação mais incisiva, de elevações de 50 bps. Todavia, diante do conflito entre Rússia e Ucrânia, impactando nas cotações do petróleo, a inflação deve ficar pressionada por mais tempo. Uma vez que existe um espectro recessivo assustando as economia globais, imaginamos que o FED deva manter essa postura mais parcimoniosa, embora o presidente Jay Powell tenha afirmado que pode elevar as taxas mais intensamente ou para níveis acima do neutro, se assim for necessário.
 Os BCs estão diante de uma encruzilhada: subir mais intensamente os juros, para evitar inflação, ou menos, pelos efeitos recessivos derivados da guerra.
As autoridades europeias já manifestaram que haverá uma falta de sintonia, de curto prazo, entre o BCE e o FED.

Este material foi elaborado pela Órama DTVM S.A.. Este material não é uma recomendação e não pode ser considerado como tal. Recomendamos o preenchimento do seu perfil de investidor antes da realização de investimentos, bem como que entre em contato com seu assessor para orientação com base em suas características e objetivos pessoais. Investimentos nos mercados financeiros e de capitais estão sujeitos a riscos de perda superior ao valor total do capital investido. Este material tem propósito meramente informativo. A Órama não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações aqui divulgadas. As informações deste material estão atualizadas até 21/03/2022.

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