Panorama Político – 21/01/2022

Compartilhe o post:

PREÇOS DE COMBUSTÍVEIS E ENERGIA

por Lorena Laudares, Mestre em Ciência Política

O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta quinta-feira (20) que negocia com o Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para reduzir o preço dos combustíveis e da energia elétrica. 

A ideia prevê ao menos dois mecanismos: (i) autorizar o governo federal para, em momentos de crise e de forma temporária, reduzir ou até zerar os impostos federais sobre a gasolina, o diesel e a energia elétrica (PIS e Cofins);  (ii) criação de um fundo com dividendos pagos pela Petrobras para aliviar a pressão gerada por uma elevação dos preços. 

Hoje, para reduzir um imposto, o governo precisa apresentar uma fonte de compensação (aumentando outro tributo ou cortando despesas), conforme determina a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

O time de Estratégia da Órama pondera que o impacto no bolso do consumidor, no entanto, varia de acordo com os diferentes cenários de quais impostos serão zerados ou reduzidos e em que momento isso seria adotado.. No caso da zeragem de PIS, Cofins e CIDE, já em fevereiro e mantendo essa posição até o fim de 2022, isso implicaria em uma redução de R$ 0,69 por litro da gasolina para o consumidor. Se pelo mesmo período, apenas o PIS e a Cofins forem zerados, a redução no preço final do litro seria de R$ 0,61. 

Considerando o cenário mais extremo, com essa medida para os combustíveis, o IPCA teria uma redução direta de 80 bps no ano fechado.

Do ponto de vista fiscal, o governo pode ter um rombo expressivo. Em 2021, até novembro, foram arrecadados R$ 50 bilhões em impostos sobre os combustíveis, e uma redução nesses impostos, mesmo que temporária, terá um impacto sobre os cofres públicos. A zeragem nos combustíveis e na energia pode gerar uma perda de até R$ 70 bi em receitas. Novamente, o impacto depende de como seria implementada essa redução.

Importante destacar que Paulo Guedes, segundo apurado pelo Broadcast Político, não se opôs ao plano. O ministro quer, inclusive, tentar aproveitar o debate e atrelar a medida ao congelamento de salário de servidores públicos. 

Uma parte do governo avalia que a PEC, se fosse proposta por Bolsonaro, poderia ser vista como um benefício, o que é vedado pela Lei Eleitoral. Por isso, o plano do Palácio do Planalto é que o futuro senador e o futuro líder do governo na Casa, Alexandre Silveira (PSD-MG), apresente a PEC no início de fevereiro.

Silveira é aliado do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas só se tornará parlamentar em fevereiro, quando irá substituir Antônio Anastasia (PSD-MG), escolhido para ser ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). A proximidade com Pacheco é relevante porque o presidente do Congresso pretende discutir com líderes do Senado outro texto, que prevê um fundo estabilizador para reduzir a volatilidade do preço dos combustíveis com a taxação da exportação de petróleo, que foi aprovada pela CAE no dia 19/01. Existe ainda uma outra ideia para reduzir o preço dos combustíveis já aprovada na Câmara, em dezembro. No texto, o valor do ICMS é fixo e não um percentual. Mas o projeto enfrenta resistência entre governadores, que temem perder receita, e por consequência, no Senado.


As informações contidas neste material têm caráter meramente informativo, não constitui e nem deve ser interpretado como solicitação de compra ou venda, oferta ou recomendação de qualquer ativo financeiro, investimento, sugestão de alocação ou adoção de estratégias por parte dos destinatários. Este material é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da Órama Investimentos, incluindo agentes autônomos e clientes, podendo também ser divulgado no site e/ou em outros meios de comunicação da Órama. Fica proibida sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da Órama.

Compartilhe o post:

Posts Similares